O Instituto Shanti Brasil realizou uma parceria com o Tribunal de Justiça de São João de Meriti para trabalhar masculinidade com homens envolvidos em violência doméstica, no contexto da Lei Maria da Penha. Semanalmente, um facilitador se encontra com um grupo de homens, autores de violência, trabalhando sob um eixo de temáticas de desconstrução de seu padrão de masculinidade.
O instituto concilia os Círculos de Construção de Paz e elementos dos grupos reflexivos, trabalhados em mais de 40 cidades do país. A Comunicação Não Violenta é base da maneira do facilitador de intervir. Utiliza-se estratégias auxiliares, como exibição de vídeos relacionados à temáticas e atividades lúdicas, como desenho e colagem. A proposta desses exercícios pontuais é sair, momentaneamente, na esfera do racional, e liberar elementos do insciente, como traumas e tendências a padrões.
Cada dia, existe um tema como eixo. São trabalhadas temáticas como “Masculinidade Tóxica”, “Coisa de Homem e Coisa de Mulher”, “Agressividade”, “Autocrítica”, “Infância” etc. Atualmente, o grupo atual está exatamente na metade do processo, que conta com oito a dez encontros. A juíza Renata Medina já está formando o próximo grupo, que deve iniciar em fins de março. “Comecei a gostar do trabalho no segundo encontro, quando percebi a seriedade. Reconheço que tive, na vida, alguns desses comportamentos”, afirma A.
O trabalho é aferido com indicadores que oferecem uma avaliação sobre a qualidade do processo, em seu objetivo de transformar os padrões de masculinidade na sociedade brasileira. Por ser recente, ainda não se pode oferecer análises mais ricas da qualidade do trabalho. No entanto, os grupos reflexivos existentes no país costumam ter níveis de reincidência zero, além de relatos marcantes sobre mudanças de paradigma entre os participantes.